Gabam-se os efectivos nacionais do Serviço Prisional que "a única penitenciária onde os detidos produzem o que comem" ou que, pelo menos, "produzem o suficiente para merecer a alimentação, saúde e acomodação que a instituição lhes proporciona é no Kapolo", penitenciária que fica na comuna da Xikala, a bons quilómetros da capital vyena. Outros, os mais conservadores, apontam o Bentiaba, antiga penitenciária de São Nicolau que acolheu muitos presos políticos (de consciência), como "a única que torra farinha com Kapolo" no que à produção agrícola diz respeito.
Bem, é do Kapolo que recebi como oferta um pé de morangueiro, uma herbácea expansiva, que melhor se expande ao sol e solo húmido e rico em húmus.
O meu morangueiro chegou com excesso de stress hídrico. Sem receber raios solares e rega durante a viagem e esquecida entre as imbambas, depois da chegada a Luanda.
Foi por sorte que o encontrei. Não me fora apresentado como oferenda do meu cunhado SS Catombela. O gosto pelas plantas fez-me tentar ressuscitá-lo, o que julgo estar a acontecer, pois, há 4 dias no vaso e sobre meia luz solar, já apresenta uma folhinha nova e outra nascente.
Foi ao terceiro dia que o SS Catombela ligou-me a perguntar:
_ Comué, nhado?! A garrafita de usambe e o morangueiro chegaram?
_ Usabem recebi e estou agradecido. Encontrei entre as coisas descarregadas um pé de morangueiro que levei a um vaso, com pena que secasse, mas não me foi apresentado.
_ Não faz mal. Assim a mana se esqueceu. O importante é que o mano descobrir e deu acolhimento à planta. Saiu do Kapolo.
A expressão "saiu do Kapolo" aumentou o meu apreço e cuidado para com o exemplar. É a segunda tentativa a ter morangueiro em casa.
A primeira foi em 2021. Depois de um roteiro laboral que me levou ao Cipindo, Longondjo e Kuxi, viajando sobre rodas, passei pelo Luvangu onde comprei dois vasos contendo morangueiros. Talvez devido ao excesso de sombra e ou de calor, as plantinhas, que já faziam gosto aos vasos, foram minguando uma após outra, desaparecendo em semanas.
_ Essas plantas não se adaptam ao clima quente de Luanda. _ Disse para mim mesmo, sem que visitasse um estudo básico para aferir o que diz a ciência sobre o clima ideal ou adaptativo, assim como os melhores cuidados a observar para que o morangueiro sobreviva e produza.
O meu cunhado SS Catombela disse-me que ela, a herbácea perene, cresce melhor se exposta ao sol e em campo aberto, portanto, sem sombra.
Consultada a literatura disponível, dita que o morangueiro pertence à família Rosaceae. É uma planta herbácea perene, o que significa que pode viver por vários anos, embora a produção de frutos seja mais intensa nos primeiros anos.
Em Angola, o cultivo de morangos é mais produtivo em regiões de clima temperado, ou seja, aquelas com temperaturas mais amenas e boa disponibilidade de água. Regiões como a Huíla e Huambo são conhecidas como as que possuem condições mais favoráveis para a agricultura de frutas.
Quanto a Luanda, embora possua um clima mais quente e seco, é possível cultivar morangos desde que se observem alguns cuidados especiais. Se tentar plantar morangueiros, opte por variedades que sejam mais resistentes ao calor. Mantenha o solo sempre húmido, mas evite encharcamento. A irrigação por gotejamento pode ser uma boa opção. Em climas muito quentes, é importante proteger as plantas do sol intenso. Utilize telas de sombreamento para reduzir a exposição directa ao sol durante as horas mais quentes do dia.
Os morangueiros preferem locais com muita luz solar, pois o ideal é que recebam pelo menos 6 horas de sol directo durante o dia. No entanto, em climas muito quentes como o de Luanda, um pouco de sombra durante as horas mais quentes pode ajudar a evitar o estresse térmico nas plantas.
PS: A Lúcia e o Joshua já provaram morangos da horta em Luanda.




